domingo, 10 de maio de 2015

DE OUTROS

«O elogio de Passos a Dias Loureiro, nos termos em que foi feito, é especialmente grave se for tolerado. Manuel Dias Loureiro merece a presunção de inocência e abraços em privado de todos os amigos desinteressados, mas não merece respeito público. Os casos da Plêiade, da SLN, do BPN, dos negócios na América do Sul, das mentiras no Parlamento, dos prejuízos contados pelo Tribunal de Contas (justamente) que Catarina Martins citou são a marca da impunidade de um escândalo de regime. Não basta dizer que o PSD teve o BPN e o PS teve o BES porque os escândalos não se anulam, somam-se, e a soma é paga por nós. Talvez o elogio a Dias Loureiro seja, no fundo, uma provocação ao nosso manso silêncio, nós que deixámos de falar de Dias Loureiro porque passámos a falar de Vara, e depois de Sócrates, e antes de Relvas, e depois de Salgado, deixando que a vozearia de cada novo caso seja o sossego do caso anterior. Até ao dia em que o ditado "diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és" se revelar esclarecidamente invertido - e formos nós, tolerantes, os que andamos com eles e ser isso o que diz quem eles são.» 
Pedro Santos Guerreiro
Expresso